terça-feira, 24 de novembro de 2009

O que fazer com a falsidade em nossas igrejas?

O QUE FAZER COM A FALSIDADE EM NOSSAS IGREJAS? Mateus 13:24-30

Em cada Igreja existem membros que produzem frutos e os que não os produzem.

O inimigo nunca deixa de semear o joio no meio do trigo.

Os princípios estabelecidos por Deus, em sua palavra, são autênticos e invioláveis.

Tornam-se, por isso, visíveis sinais de advertência aos homens.

Sempre que o Senhor completava partes da criação, a Bíblia nos diz que a aprovação aos seus próprios actos se revelava na expressão: “E viu Deus que isso era bom.”

Bom na avaliação Divina é o grau máximo.

O homem quer impor seu método de organização na pressuposição de que, se aceito, pode aperfeiçoar o “bom” divino. Mas o princípio Bíblico que for violado será, normalmente, punido. É a lei da criação ou da progressão idealizada por Deus. Consequências advêm como resultado lógico dessa violação. A criatura não tem o direito de ditar normas ao criador.

Na parábola do joio e do trigo (Mt 13:24-30), alguns homens tentaram quebrar este princípio. Talvez bem intencionados. Ou, talvez, querendo apenas trabalhar.

Antigamente nas famílias tradicionais, era muito comum o dono da casa possuir servos. Tinham interesse. Queriam ajudar. Eram zelosos na protecção dos bens da família. Mas revelaram, nessa parábola, um zelo sem entendimento.

Quando notaram que o joio crescia junto com o trigo, logo se tomaram de cuidados. Dirigiram-se ao dono da casa. Argumentaram. Apontaram a contaminação com a interrogação: “... não semeaste boa semente? Donde vem, pois, o joio?” Quem sabe até se algum do grupo não estaria com atitude de reprovação. Em seu coração talvez acusasse: “A semeadura foi mal executada. Meu senhor não soube escolher a semente. Aí está o resultado do trabalho mal feito; joio no meio do trigo.”

A resposta do dono da casa interrompeu esses pensamentos acusatórios: “Um inimigo fez isso”.

Semear joio no meio do trigo, e retirar-se sem ser percebido, é uma figura bastante conhecida no Oriente.

Era comum, em seu espírito de vingança e ódio, um lavrador cometer este acto contra o seu vizinho. O inimigo aparece nas trevas e age enquanto dormem os servos.

O joio lançado de maneira oculta só é percebido mais tarde, com o crescimento junto ao trigo.

“Donde vem, pois, o joio?”

“Um inimigo fez isso.”

“Quem é ele?”

O inimigo que o semeou é o diabo (Mt 19:39). Nada de especulações. De suposições.

A realidade incontestável de sua existência é percebida na vida e na sociedade humana, embora muitos neguem este facto.

Ele é das trevas e nas trevas exerce sua acção criminosa.

O joio que semeia é o trigo degenerado. Como afirma alguém, o mal não é uma geração, mas uma degeneração. O seu começo nem sempre é observado. Às vezes aparece até na forma de bem: “Senhor, queres que arranquemos o joio?”

No zelo sem entendimento ou na heresia sempre há algo de bom que engana o incauto.

Joio e trigo são plantas que se confundem pela aparência antes da frutificação.

A palavra Grega “Zizanion”, usada em Mt. 13:25-27,29-30, é traduzida como “Cizânia” (joio). A cizânia peluda é uma gramínea venenosa que quase não se distingue do trigo enquanto ambas as plantas são ainda novas, mas depois de crescidas não se confundem mais (Mt 13:29-30),

Também a Igreja visível é o corpo misto; é vasto campo no qual crescem o joio e o trigo ao mesmo tempo. Jamais existiu uma igreja visível composta unicamente de trigo ou verdadeiros cristãos. Muitos hipócritas estão no meio deles. O inimigo nunca deixa de semear joio. A disciplina, embora necessária, também não poderá eliminá-lo. Os métodos e os esforços humanos empregados para purificar a Igreja, se obedecerem ao rigor excessivo, poderão trazer maior prejuízo do que benefícios. Por quê? Porque no empenho de arrancar o joio, corre-se o risco de arrancar também o trigo.

Com muita sabedoria afirma Santo Agostinho: “Os que hoje são joio, amanhã podem ser trigo”.

“Queres que vamos e arranquemos o joio?”

“Não! Não!” foi a resposta sábia. “Deixai-o crescer. Para não correrdes o risco de, ao colher o joio, arrancardes com ele também o trigo”.

O homem é impaciente. Quer uma separação imediata. Não admite, ainda que exteriormente, qualquer mistura, quando o sublime é “ ... estar no mundo sem ser do mundo”.

Jesus ensinou que esta separação absolutista não é a solução para o mundo.

Os cristãos são como a levedura que envolve a massa.

O cristão não vive como o mundo. Vive para mostrar ao mundo a salvação em Jesus. Por isso, Jesus orou: “Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno. Eles não são do mundo”. (Jo 17:15,16). Os cristãos são trigo.

Jesus aponta o erro de se fazer a ceifa antes de tempo. O progresso do seu Reino obedece a um princípio estabelecido. A uma lei divina. Há tempo para tudo. Para semear e para ceifar. A colheita antecipada constitui um perigo para o trigo.

“Deixai-os crescer juntos até a colheita”. Este é o princípio de Deus. O homem não pode quebrá-lo sem padecer as consequências.

“Não”, disse o dono da casa: E a sabedoria desta recusa evidencia-se em factos reais. Em razões convincentes:

(1) Não eram eles os donos do campo. Eram servos. Como servos competia-lhes apenas obedecer. Cumprir ordens. (2) Não haviam plantado nada (Mt 13:24). Quem não planta, não pode colher, a não ser que receba autorização para isto.

O apóstolo Paulo escrevendo aos Gálatas, afirma que o homem colhe o que planta (Gl. 6:7). Doutra forma não tem o direito de cortar nada.

Aplicando esta lição à Igreja, deduz-se que quem não evangeliza os incrédulos, levando-lhes a semente santa, a Palavra de Deus, será desqualificado para exercer o papel de ceifeiro, no sentido de eliminação.

(3) Os servos falharam na vigilância (Mt 13:25).

Competia-lhes vigiar a propriedade. Mas enquanto dormiam, o inimigo semeou o joio.

Também na Igreja a falta de vigilância em oração e estudo da Palavra de Deus, tem aberto oportunidades várias para o ingresso do inimigo no meio dos cristãos.

Quando despertam, já o joio está semeado. O campo não foi vigiado. Não foi cercado. O crente dormia. Veio o inimigo sorrateiro, semeou o joio, e a descoberta, então, foi tardia. Arrancar o joio não é a solução. Prejudica o trigo.

(4) Não eram ceifeiros (Mt 13:28-29).

Na colheita espiritual, os ceifeiros não são os homens, mas os anjos do Senhor (Mt 13:39). “... E os ceifeiros são os anjos”. Isto é muito bom. Os anjos não têm espírito intolerante. Agem sem paixão, sem impaciência. Sem precipitação. Eles são regidos por um princípio divino que acatam com amor.

A disciplina na Igreja é necessária, útil e Bíblica. Não somos contrários a essa medida de contenção. Não se proíbe aqui essa disciplina. Apenas queremos salientar o ensino Bíblico de que a ceifa indiscriminada, ou antes da época, resulta em prejuízo para o trigo.

(5) Não entendiam muito de ceifa.

Tanto, que desconheciam que as raízes do joio se entrelaçam com as raízes do trigo, debaixo da terra. Assim, torna-se quase impossível arrancar só uma das plantas sem causar estragos à outra.

Mas na precipitação de querer fazer alguma coisa, algum trabalho, logo se ofereceram, sem calcular as consequências, por demais profundas, do seu acto.

A prudente decisão do dono do campo salvou o trigo. “Não”, disse ele; deixai-os crescer até que apareçam os frutos. “Pelos frutos os conhecereis”.

Sómente pelos frutos podemos distinguir o que é joio e o que é trigo.

Jesus, quando de sua jornada terrestre, encontrou muitos pretensos ceifeiros.

Entrando, certa vez, em uma aldeia de Samaritanos, foi rejeitado. Logo dois ceifeiros impacientes, Tiago e João, se ofereceram. “Senhor, queres que mandemos descer fogo dos céus para os consumir?” Queriam fazer a colheita na hora.

Para que perder tempo? Aquilo era joio. Toda a aldeia. Devia ser arrancado. Queimado totalmente. Era inútil.

Mas Jesus, com energia, e obedecendo a um princípio divino, os repreendeu: “Vós não sabeis de que espírito sois. O Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.”

Os frutos não demoraram a aparecer como resultado das palavras do Mestre. Algum tempo depois, Jesus encontrou-se com uma mulher em outra aldeia Samaritana. Falou-lhe ao coração. Apontando suas necessidades e o remédio para libertá-la.

Aos olhos dos discípulos ela era joio. Mas reconhecendo a Jesus como o Messias e aceitando-o como seu Salvador, correu ela até a sua aldeia e anunciou aos moradores como encontrara a verdade. Acto contínuo, todos foram ao encontro de Jesus.

Muito “joio”. Ouviram seus ensinamentos. Creram nele por causa de suas palavras. Disseram para a mulher: “agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4:42).

Toda a aldeia era joio. Mas o joio se transformou em trigo. Trigo bom, com muitos frutos.

Quando Jesus não aceitou a sugestão de Tiago e João para queimar o joio, tinha consciência clara de que um joio pode ser transformado em trigo. Por isso ele espera com paciência. O Senhor não quer que nenhum se perca. O amor sempre vence. Sempre transforma.

“Não”, disse o dono do campo. “Esperemos os frutos”.

“Não”. disse Jesus a Tiago e João. “Fogo não salva. Consome”.

“Não”, diz o Senhor Deus. “Há um caminho sobremodo excelente. Andemos juntos por ele. É o caminho do amor”.

Andar com Deus é andar na paciência do amor.

Andar com Deus é ser submisso. É amar uns aos outros.

O amor espera. O amor não pede. O amor dá. O amor tudo suporta. É benigno. O amor jamais acaba. Amor ao joio. Amá-lo até vê-lo transformado em trigo.

Isto não quer dizer que o joio fique ou deva ficar sempre ao lado do trigo, sem ser transformado. Não. Seu tempo está determinado por Deus.

“Até à colheita”, quando os frutos se manifestam. O Senhor Jesus já deliberou que

“ ... toda a planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada” (Mt 15:13).

Mas só na hora da colheita, no tempo certo. Agora, NÃO.

Este artigo já tem mais de 20 anos e foi publicado na Revista “Mensagem da Cruz” pelo

Pr. José Augusto Rocha, Membro da Missão Betânia

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